A Taverna do Corsário é um pequeno estabelecimento e grande ponto de encontro. Esta localizada no final da Praia da Rama, na Baía de Dark - um Vilarejo, situado entre as Ilhas do Farol e Bucaneiros, com pequeno número de almas vivas, porém com grande número de fantasmas. Em Dark, após o último lampião apagar, os moradores juram que em noite de grande bruma salina, navios piratas-fantasmas são avistados na baía entoando a mesma canção: “Sete piratas sobre um caixão e uma garrafa de rum, rô,rô,rô,rô!!!!”

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Rádio

A Taverna mais parecia o entreposto de peixes. Uma verdadeira multidão rodeava o Oratório que Fala. O ferreiro Wolf não entendeu nada até que o Taverneiro saiu de trás do balcão e disse: Sazarg, Wolf chegou! Sazarg fez sinal para Wolf e Ampaz e os outros abriram caminho. D. Cotinha, a cronista, suava em bicas. Meu Deus! Abra as janelas Lyard! Vamos morrer sufocados aqui! E se abanou com o leque rendado. Isso fala mesmo? Perguntou D. Bebeth, um olho na engenhoca e outra a porta, pois era nesses momentos históricos que as crianças teimavam em nascer em Dark. Clara, Bianca e Dulcce estavam sentadas em uma mesa tomando suco e Petit juntou-se a elas. No balcão Bernardo, Mama Chultz, o Capitão e os gêmeos - que tentavam trocar as tampas das pimenteiras com as dos saleiros. Nem ousem, rosnava Lyard, bem ao pé do ouvido dos meninos. Da cozinha, D. Julia se benzia porque achava que as vozes eram de almas perdidas. Salvador Creolo deixou de lado suas historias e junto com Ryal esperava. Maneca contava como havia conseguido o "Oratório que fala de Marconi" enquanto o boticário Carlos cozinhava guaco para fazer xarope no fogão de lenha aceso. O burburinho crescia cada vez mais. A cigana e Sitans também juntaram-se ao grupo e Maria Lua, mãe de Petit que acabara de chegar de viagem, nem bem soltou as malas e já tinha o filho ao seu lado contando em detalhes as últimas novidades.
Wolf gesticulou para Ampaz que virou cuidadosamente a caixa e observou. Gesticulou para o irmão e todos ficaram em silêncio. - Quem trouxe a caixa? perguntou Wolf. Fui eu - disse Maneca aproximando-se do ferreiro - Trouxe de St. John's. Meu amigo Marconi me disse que seria importante trazer uma para cá para ver se funcionava. Mostrei ao Sr. Sazarg que ficou com ela, explicou o marinheiro, sem querer entrar nos detalhes da negociação financeira. - Ele disse que se chamava... bem não me lembro direito o nome, mas disse que falava e podíamos escutar as pessoas a grandes distâncias.
Wolf explicou em gestos para Ampaz o que o homem havia dito e o irmão lhe sorriu, concordando com a cabeça. Gesticulou várias vezes de volta. Quando acabou, todos voltaram os olhos com expectativa para Wolf que disse: "Rádio". Isto se chama "Rádio". E voltando-se para o grupo explicou que o irmão Ampaz já havia lido nos livros de patentes e inventos que recebia de quando em quando de Bucaneiros, sobre a evolução do telégrafo e do coesor. - Marconi estava testando uma forma de propagar a voz e pelo visto, conseguiu, disse Wolf. Ampaz sorria satisfeito olhando a caixa e seu interior. Virou o botão e enquanto todos ouviam ruídos e uma voz com bastante interferência, ele sentia a vibração das ondas sonoras. Com uma pontinha de tristeza desejou poder ouvir novamente e escutar o rádio.
- Consegue deixar o som melhor, Wolf? perguntou o Taverneiro. - Não há algo que Ampaz não consiga melhorar - disse Sitans comendo um torresmo. - Mas ele não escuta...- falou baixinho Petit e já levando um cutucão da mãe e um olhar de secar pimenteira de sua tia Clara.

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