A Taverna do Corsário é um pequeno estabelecimento e grande ponto de encontro. Esta localizada no final da Praia da Rama, na Baía de Dark - um Vilarejo, situado entre as Ilhas do Farol e Bucaneiros, com pequeno número de almas vivas, porém com grande número de fantasmas. Em Dark, após o último lampião apagar, os moradores juram que em noite de grande bruma salina, navios piratas-fantasmas são avistados na baía entoando a mesma canção: “Sete piratas sobre um caixão e uma garrafa de rum, rô,rô,rô,rô!!!!”

sábado, 21 de novembro de 2009

Café Ardido e de Canela

Sazarg prepara sua mala para viagem. É bem verdade que Dulce que iria organizar tudo no final, mas ele insistia em ajudá-la. Iriam para Port Royal, rever os parentes de Dulcce. Abriu novamente o caderno e anotações. Nele haviam 21 nomes. Faltava apenas um. E ele acreditava que em Port Royal completaria a lista. Olhou a lista novamente. Riu e balançou a cabeça. Dobrou o papel cuidadosamente e foi até a porta da doceria. Atrás do balcão, Dulcce passava as últimas orientações para Clara. Durante um mês a florista seria responsável por tomar conta da doceria Candice. A doceira tentava passar para amiga a receita do Café Ardido, invenção de sua avó, Dra. Rosane, a primeira médica que se formou na Universidade de Tortuga. A médica havia criado um café para estimular a Rainha de port Royal, Catherine, que sofria de depressão e foi curada com as receitas da médica. A receita passou por 3 gerações, mas a florista se recusava a aprendê-la. É uma receita de familia, Dulcce. Não posso aprender. Minha querida, dizia Dulce, você é da família. pode não ser de sangue, mas de coração é com certeza. Petit Enfant balançava a cabeça de um lado para o outro. Olhava a tia e ficava extasiado com a beleza da doceira, que cheirava a chocolate. No final ficou combinado que o Café ardido não seria servido durante a ausência da doceira. No seu lugar serviriam o Café com Canela, receita de de Dr. Carlos, o boticário. Sazarg deu risada e voltou para dentro da doceria, ver se não havia esquecido nada.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Eu não gosto de dorrrrrmir



O Taverneiro virou-se para o lado. Nem bem havia ajeitado a barba no travesseiro, ouviu a porta bater. Virou-se e Pretinha estava de pé, na porta do quarto. Olhou para ela, pois parecia ansiosa, mas não do jeito que ficava quando ia atrás de gambás e ratazanas. Que foi Preta? E ela ficou nas duas patas e arranhou o outro braço. Começou a pular e saiu escada abaixo.
O taverneiro acendeu o candeal. Foi atrás. Não havia chegado embaixo ainda quando ouviu as panelas caírem na cozinha. Malvino começou a gritar. Não gosto de dorrrmir! Não gosto de dorrrmir!!! Desceu rápido. Ao chegar na cozinha o caos absoluto. As panelas de D. Julia estavam no chão. Na porta Pretinha observava e no meio da cozinha, atracada com um pedaço de pão, Ruça. O Taverneiro sentiu uma pontinha de remorso. Era lógico que se a Pretinha havia conseguido chegar em Dark, sua irmã e companheira de todas as horas, Ruça não ficaria para trás. Estavam sempre juntas. Brigavam e Brincavam. Juntas, sempre juntas. Um preta e outra amarela. O Taverneiro lembrou o dia que nasceram... que confusão. Olhou para a cadela que estava com as patas na frente do focinho, fazendo graça, como se estivesse envergonhada. Ruça, que bagunça!!!
Ria o Taverneiro. D. Julia não vai gostar nada, nada disso. A cadela de pelo pardo ao ouvir a voz do velho capitão ficou tão feliz pulava e mordia o amigo e ameaçou fazer xixi de alegria. Na cozinha não Ruça! Na cozinha não! Vamos lá fora. E, com pedaços de pão na mão, sentou-se com as duas amigas na soleira da Taverna. Não tinha mais sono e tratou logo de dividir o pão entre as duas. Olhou para Malvino que com a cabeça embaixo da asa dormia um sono profundo.

domingo, 8 de novembro de 2009

A chegada da companheira

O Taverneiro conferiu o último cadeado da Taverna. Portas fechadas. Na verdade as portas trancadas eram para resguardar a Taverna de gambás e bichos peçonhentos do que de intrusos ou visitantes indesejados. Em Dark muitos dormiam com as portas destrancadas e a lareira acesa, um hábito cultivado pela comunidade onde todos se conheciam. O Taverneiro deixou a bimbinela aberta. Não gosto de cheiro de casa fechada, Malvino. Disse para o papagaio. O Louro se arrepiou e concordou. Que fedor! Que fedor! E foi se ajeitar no poleiro, perto da lareira.
Apagou os lampiões e colocou a velha lata na beira da calha, para aproveitar a fina garoa e dormir com o tamborilar da água caindo.
Já estava na cama quando ouviu baterem a porta. Na verdade não era um bater, estava mais para um arranhão. Gambás, pensou rindo. Desta vez fechei a porta, eles não vão levar o charque. Virou-se para o lado e os arranhões continuavam. Vão embora, amanhã D. Julia vai separar os restos de afogadinho para vocês. Mas, o visitante insistiu e achando que podia ser Marvin que havia ficado para fora da casa de Petit Enfant, o Taverneiro colocou os tamancos e foi conferir
quem estava na porta. Acendeu o lampião e pela bimbinela iluminou a entrada da Taverna. Marvin? Chamou. Mas o que viu a porta foi um largo sorriso, seguido de vários espirros. Pretinha!!! Disse o Taverneiro, apressando-se em abrir a porta! Como você chegou aqui? A cadela logo pulou no Taverneiro, lanhando seu braço. Pretinha sabia sorrir. Tinha herdado isto de sua avó, uma cadelinha que o Taverneiro criou em Bucaneiros, muitos anos antes de ter a Taverna em Dark. Pretinha estava muito eufória, a viagem de Bucaneiros até Dark havia sido longa e ela estava feliz em ver seu velho amigo. Pretinha morava em Bucaneiros com sr. Delegado, mas saudade do amigo a fez ir em busca dele em Dark.
O Taverneiro logo foi atrás de uma vasilha e água para sua amiga. Ela comeu e depois de satisfeita foi pegar os tamancos do Taverneiro. Sim, sim, hora de dormir, vamos!
Subiram a escada e quando se deitou o Taverneiro lembrou que não havia trancado a porta. Olhou para Pretinha e nem se deu o trabalho de levantar novamente. A sua velha amiga não ia deixar nenhum Gambá passar por ali.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Mensagem na Garrafa

Alvorada na praia da Rama. O sol desponta atrás da Ilha do Farol. O velho taverneiro observa petit que procura garrafas de mensagens enquanto Marvim se diverte correndo para todos os lados, espantando as gaivotas. Ele se acha o rei da praia, acredita Petit. Hei! Veja! Grita Petit enquanto corre de encontro com o taverneiro. Achei uma garrafa pedindo socorro! Traga rapido diz o velho amigo, Vamos ajudar! Abrem a garrafa e dentro a mensagem que Petit lê em voz alta: "Periquito esta com o papo inchado e inflamado, o que fazer? O velho taverneiro pensa por instantes, lembra rapidamente das histórias e experiências pelas quais passou e diz para petit, enquanto passa a mão pela barba desgrenhada. Escreva no bilhete: "Traga-o para a praia da Rama, a mãe dele foi curada aqui." Petit rapidamente escreve a mensagem com seu lápis de carvão no bilhete que acabara de achar. Faz um canudinho, depoista no fundo da garrafa e a devolve ao mar, na esperança que ela chegue até as margens da Praia do Tiete, de onde ela originou. Só para garantir que os Santos e entidades garantirão o retorno da mensagem, eles tomam o caminho da casa de Da.Elda, seguidos por um esbaforrido Marvin, pedir para ela bater uns tambores.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Entusiamo da Pelota em Dark

Sazarg pegou sua prancheta e preparou-se para montar o time. Junto com o Taverneiro mostrava-se a pessoa mais empolgada de Dark com o futebol. Aliás, já estava pensando em ir até Saint John para ver com Marconi o que seria necessário para narrar pelo Radio uma partida de futebol.
Enquanto isso ia fazendo seu selecionado. Acreditava que Petit poderia ser aproveitado. Mas Dulcce duvidava muito que o menino aguentaria o tranco dos maiores. Ele precisa jogar com crianças do tamanho dele, Homem! Pela Hóstia Consagrada. Se Santis tromba com o menino vai quebrar uma perna e um braço! Salzarg suspirou. Na verdade a esposa tinha razão. Era muito grande a diferença de tamanho. Habilidade nem tanta.Nenhum deles tinha. Mas, Petit, embora achasse que não, era um excelente pegador de bolas. Quem sabe um time infanto-juvenil? Era uma idéia a ser amadurecida. Voltou a prancheta. Quem seria o próximo a ser escalado?
Olhou para a foto que o Sr. Rodrigo, fotógrafo, registrou o momento em que Petit Enfant segurava a bola de capotão dada pelo Taverneiro, ao lado de sua mãe. Não parecia feliz. Mas demonstrava seriedade. Infanto-juvenil. Deve ser promissor, pensou, rabiscando a prancheta....

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Bolas de Gude e de Capotão

Petit Enfant contou as bolinhas de gude novamente. Uma a uma. O passatempo do menino fazia Clara rir. Como se diverte com coisas tão simples? Bolinhas verdes, azuis, âmbar. Um pequeno tesouro. Petit havia pensado em enterrá-las, mas desistiu com medo que alguém as achasse. Ao invés disso, pediu a Ampaz uma caixa, e o ferreiro surdo havia forjado uma num metal bem levezinho, que Wolf forrou. Assim eles não vão ficar chacoteando aí dentro, disse, quando entregaram a caixa ao menino.
Petit olhou mais uma vez a bola de couro que o Taverneiro havia trazido. Suspirou e pegou uma bolinha na mão. Não sei jogar esse tal de futebol, Marvin... murmurou. O cão levantou levemente a cabeça e deitou novamente perto da lareira, como se concordasse. Petit olhou o grande relógio da Taverna. Assim que batesse 15h00 e a correria tivesse passado, Sazarg e o Taverneiro o levariam para fora para jogar. Faltavam 30 minutos. Resignado pegou um paninho e começou a limpar suas bolas de gude enquanto esperava.


domingo, 27 de setembro de 2009

Tempestade e barulho na Taverna

Final de tarde na Baia de Dark. Na Taverna do Corsário os amigos do taverneiro se encontram para um papo, uns goles e uns petiscos. Padre Miguel chegou com seus amigos Padre João e Padre Constantino. Chegam também o velho cantor Charles Robert, pirata perna de pau acompanhado do Capitão Pato Rouco (também conhecido com nove dedos). O barulho do salto de sapato batendo nas pedras da calçada anunciam a chegada da cigana e a taverna vai ficando cada vez mais cheia. Chega Da. Elda, conselheira espiritual do Terreiro Africano de grande prestigio, o pastor Euclídes com sua careca reluzente, Da.Bebete a parteira com sua amiga Da.Cotinha a cronista social, Sr.Carlos o boticário, Sr.Pedro Arentino o jornalista, Dr. Conrado Alves o juiz aposentado, Jacob Israeli o banqueiro, Sr.Nataka agricultor, Sr.Samir Saad o mascate, o conde de Vidigueira, o Professor João Faras.
A taverna esta cheia.... Petit Enfant corre como louco. Maria Lua vai comandando. Coisa que ela sabe fazer bem: -Petit mesa para o padre Miguel. Mesa para Da.Bebete. Mesa para o Capitão. Vá ajudar Lyard. Da. Julia cadê os pastéis? Clara, cadê os bolinhos? Petit corre de um lado para o outro tentando atender a todos.
Cadê o rádio? Pergunta o barbeiro Bitencourt que acaba de chegar. Já vamos ligar responde
Sazarg. Bitencourt da uma olhada no salão mira a careca do pastor Euclídes. Pastor, quando é que você vai lá na barbearia para eu colocar uma peruca nessa careca? -Vou não, lá só tem "bandido". Todos riem e Wolf explica para Ampaz o comentário.
Casa cheia de repente ouve-se um barulhão. Portas e janelas da taverna batem. O céu escurece e uma tempestade desaba sobre a baia de Dark. Lyard vai em busca dos Lampiões. Onde o Taverneiro escondeu os lampiões? Pensa o anão. Acende e curte seu melhor momento com a imagem reletida na parede. -Sou ou não sou um gigante? A piada é boa ,porém o momento é péssimo. Raios e trovões são mais altos que o barulho da turma, que a esta altura já esta calada. Petit entra debaixo de uma mesa atrás de Marvim que decide ficar debaixo da batina do padre Costantino. Malvino grita "vai chover canivete, vai chover canivete..."Capitão Pato Rouco conta a história da perda do seu dedo "foi numa tempestade dessa, eu tinha bebido todas, fui soltar a carretilha da vela e deixei o dedo". Padre Miguel rezava e Padre João observava. Sr. Jacob pedia proteção direta a Virgem Maria de Dark e prometia dar 1% de desconto em todas as promissorías e duplicatas em seu poder se a tempestade amainasse. Da.Bebete comentava:-as crianças vão nascer nessa hora, não há quem segure. Da. Júlia com um pano de prato cobria os talheres. Clara, me ajude a cobrir os facões!!! Não podemos mexer com faca durante a tempestade.
Uma hora e meia de tempestade. Uma hora e meia de medo. Uma hora e meia de taverna fechada e todos aturando a flatulência do Padre Constantino e as discussões com Pastor Euclides. Eis que a porta abre e o Taverneiro entra, ensopado, a barba eriçada e o cachimbo apagado no canto da boca. D. Júlia, tem sopa para mais um? Na mão a pequena sacola de roupas e na outra a bola de capote para Petit. Molhado abraçou o Pastor Euclides e pediu bençao ao tio-padrinho Padre João. Como foi em Bucaneiros, Zé? O que conta de novo? O Taverneiro esticou o dedo, cutucou o ombro do Pastor e disse: Lá, só tem B-A-N-D-I-D-O! Gargalhada geral e as pessoas nem repararam que a tempestade havia parado.

Cruzamento na área!

Os olhos seguiam o percurso da bola lançada para o meio da área. Charles se antecipou e antes que o adversário pudesse sair do chão, saltou e cabeceou a bola. Quando a rede estufou, chapéus foram lançados para o alto. Um frenezi tomou as pessoas que assistiam. Muitos se abraçavam, outros olhavam para o céu e algumas lamentavam o gol tomado pelo Celtis. O placar mostrava a superioridade de Bucaneiros 3x1Celtis. Os três gols de Charles, que parecia ser muito amigo da pelota de couro. Isso sim! Gritava empolgadíssimo o Taverneiro. Isso sim! Isso que vai fazer as pessoas em Dark sorrirem, gritarem, festejarem! E brigarem - constatou Ollagaz que avistou dois homens corpulentos saindo no tapa por causa do jogo. Vamos fazer um selecionado! Não, dois! Fundaremos uma Liga. Isso! Uma liga! O taverneiro parecia um pinto no lixo. Os olhos brilhando de pensar no que o futebol levaria a Dark. Na verdade, não conseguia imaginar muito bem. Um pouco. Riu imaginando Petit correndo atrás da bola. Ollagaz suspirou. Gostava mais do Rugby, mas era inegável que o futebol possuía algo que prendia e encantava as pessoas. Eram senhoras, crianças, homens, idosos. Até no tapa eles saíam, suspirou resignado o Velho Lobo do Mar.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Saudades de Criança

Com as costas escoradas na janela fria, Petit Enfant acariciava o pelo grosso de Marvin. Cheiro de Bode! Cheiro de Bode! falava Malvino, se pendurando poleiro de cabeça prá baixo. Uma música cheia de chiados tocava baixinho. Clara lavava as últimas tigelas usadas na noite e Lyard secava as canecas. Maria Lua passava o escovão na Taverna e parou ao reparar o olhar perdido de Petit. Ei, filho! Petit voltou da viagem dos pensamentos e falou bem devagar: Sim, mamãe. Vá dormir filho, o sr. José não chega hoje. Eu sei, murmurou baixinho e de forma desanimada. Eu sei... Ele só vai voltar depois que a Bruma baixar... É sempre assim. Maria Lua deu uma risada e ia falar alguma coisa quando reparou no olhar de desaprovação de Clara. Deixe o menino, murmurou. Não está vendo que ele está triste? Maria Lua deu os ombros. Não tinha feito por mal. Achava engraçado um menino sentir tantas saudades do velho Taverneiro.
Clara, Maria e Lyard terminaram a limpeza. Desligaram o rádio, apagaram os lampiões. Ao abrir a porta para sair, Petit voltou e acendeu o pequenino lampião que ficava ao lado de Malvino. Ele não gosta do escuro, justificou para os que o esperavam na porta da Taverna, o vento frio gelando as almas....Boa Noite, Malvino, se despediu Petit. Ao fechar a porta ouviram o velho papagaio: Sete Piratas sobre o Caixão... Hohohohoho....

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A pelota com as mãos

O Taverneiro ouviu um baque seco. Por instantes acreditou que o rapaz que segurava a bola de couro tinha quebrado algum osso. Mais de 10 estavam sobre ele tentando roubar a bola. Ollagaz ria deliciado, mas o Taverneiro achou aquilo meio sem sentido. Não havia ficado tão empolgado com o Rugby. Ao final do jogo todos se confraternizaram. Menos mal, pensou. Já basta a dúzia de rapazes machucados e até mesmo um infeliz perdeu dois dentes.
O que achou, Zé? perguntou o velho Lobo do Mar para o Taverneiro. Bem.... respondeu. Talvez Santis e o Tripeiro conseguissem jogar, mas... ( imaginou Bernardo, Ampaz e Sazarg). Mas só. Não creio que virasse em moda em Dark. Disse isso e um rapaz que acabara de sair do jogo e ainda limpava seus arranhões sorriu e disse: Então deveria ficar e ver o próximo jogo senhor!Neste não colocamos a mão na bola, e sim, os pés. O velho Ollagaz fez sinal para que o rapaz se aproximasse e o apresentou. Este é Charles, Zé. Ele é responsável por trazer a bola e este jogos que estamo vendo. O rapaz aproximou-se e estendeu a mão para o Taverneiro: Prazer, senhor! Já estive em sua Taverna, em Dark. Muito bom o seu afogadinho de galinha Caipira. O Taverneiro sorriu. É a especialidade de D. Julia, meu fiho.... Mas... Me conte sobre o jogo com os pés. Como é? Violento assim como este que acabei de ver? Precisarei de muito caldo de tutano para os rapazes de Dark jogarem isso! Charles abriu um largo sorriso e passou o braço por sobre os ombros do Taverneiro e de Ollagaz. Venha vamos tomar uma cerveja que lhe contarei.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Sessões de Rádio

As noites na Taverna sem o Taverneiro eram um tanto quanto melancólicas e os frequentadores faziam de tudo para manter o espírito Corsário aceso. Salvador Creolo prendia a atenção de todos com suas histórias de piratas, mas ele mesmo se tornava um ouvinte atento nas horas que ligavam o rádio. A noite, a sessões de rádio mais disputadas na Taverna eram as de "Histórias Fantásticas" e "Show de Música".
"Histórias Fantásticas" era um programa muito popular, narrado pelo padre Landell, grande amigo de Padre Miguel. Contava histórias cotidianas, crônicas populares, dramas, comédias. Uma visão real e novelesca da vida com as quais muitos se identificavam e almejam alcançar.
"Show de Música" era um programa que levava a Taverna pessoas de idade e sexo diferentes. Quatro pessoas não perdiam nenhuma sessão: D. Cotinha, que adorava ouvir as músicas do Capitão Robert Charles, que após um acidente em seu navio havia adquirido uma perna de pau e passou a cantar em verso e prosa suas aventuras em alto mar. Era tão popular que as pessoas o chamavam de O Rei das Canções. Bernardo e Bianca também adoravam as sessões de música. Bernardo acompanhavam as melodias com seu banjo e Bianca com a flauta doce. Junto com Maria Lua, mãe de Petit Enfant, interpretavam as letras. Maria Lua adorava dançar e bailava sozinha ou acompanhada ao som que vinha dos programas. Era uma artista e qualquer expressão de cultura a encantava.
Na ausência do Taverneiro as canções e danças eram mais comedidas. Pois não ouviam os comentários do velho que sempre brincava: Gosta de Cantar, Bianca? Deveria aprender então! Maria Lua, está se contorcendo? É dor ? Bernardo, aceita sugestão para tocar? Toque bem longe! As brincaderas eram as mesmas sempre e por isso que sem elas a noite não era a mesma.

Chuva e Partida

Chovia torrencialmente. Naquela manhã de setembro não fazia muito frio, nem havia neblina. Ou era impossível notar devido a quantidade de água que desabava.
Na Taverna o fogo estava aceso e Malvino se balançava de um lado para o outro inquieto. Tá na hora! Tá na hora. Repetia. Dona Julia, afobada, tirava os últimos bolinhos de milho do forno e os arrumava no farnel. O Taverneiro estava de viagem.
Petit Enfant não gostava destas viagens do Taverneiro. Ele sempre demorava mais do que o prometido. O Taverneiro tinha preguiça de viajar demorava para ir e demorava para voltar. Preguiça, preguiça. Mas, aquela viagem prometia ser mais interessante do que as demais. Ele iria conversar com o Velho Lobo do Mar, Ollagaz, em Bucaneiros, sobre um novo esporte que estava agitando as pequenas ilhas. Você vai ver Zé! Dizia Ollagaz. É algo dinâmico, entusiasmo puro! A disputa pro uma bola de couro! E dava grandes risadas. A mensagem, enviada por telegrafo havia chegado duas semanas atrás e já era hora de ver de perto.
Novidades! Novidades! Exclamou d. Cotinha. Dark não é mais a mesma! Toda hora uma novidade. Dizia num misto de censura e excitação.
Antes de sair, o Taverneiro foi ao encontro de Clara e deixou com a florista a chave da Taverna. Você sabe o que fazer na minha ausência. Despediu-se de todos, menos de Yslard, pois o anão
era sentimental demais. Volto em duas semanas. - Mentira! - Mentira! Disse Malvino. E o Taverneiro seguiu para o cais, accompanhado de Petit e Marvin, que levava na boca a pequena sacola de roupas.

domingo, 13 de setembro de 2009

Novidades em Dark




Ampaz conseguiu forjar novas peças que ajudaram a melhorar a recepção do som. O ruído era bem menor e por isso o Rádio de Sazarg ganhou destaque na Taverna do Corsário. Foi colocado em um púpito, acima do balcão, onde o som podia ser ouvido por todos.
Padre Miguel pediu ao Taverneiro que na hora da missa desligasse o rádio, pois alguns fiéis estavam saindo da paróquia para ouvir a missa do Bispo. O Taverneiro sugeriu que ele mudasse alguns horários para que os que não costumavam ir na Paróqui pegassem o gostinho da coisa. Padre Miguel concordou e o domingo passou a ter duas missas.
D. Cotinha não perdia o programa de notícias da manhã. Junto com D. Bebeth pensavam em experimentar as receitas que o locutor passava todos os dias. O único problema era encontrar os ingredientes, uma vez que muitos não chegavam até Dark.
Petit Enfant gostava de ouvir as histórias de Barba Roxa e Capitão James Cook.
E o riso na taverna era garantido quando o prefeito era mencionado. Papagaio Malvino se arrepiava todo e gritava: Salafras! Salafras!
Quando Marconi soube que Dark estava ouvindo as suas transmissões começou a enviar recados e incluir notícias da baia em seus relatos. Para agradecer a Sazarg que havia ficado com o invento, falava da Doceria Candice e esta passou a ser o ponto mais desejado por todos os ouvintes.
A vida parecia mais alegre e mais rápida depois que o rádio chegou. Novos hábitos e fregueses foram aparecendo na Taverna e em noites de forte neblina a paisagem não parecia ser tão melancólica.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Rádio

A Taverna mais parecia o entreposto de peixes. Uma verdadeira multidão rodeava o Oratório que Fala. O ferreiro Wolf não entendeu nada até que o Taverneiro saiu de trás do balcão e disse: Sazarg, Wolf chegou! Sazarg fez sinal para Wolf e Ampaz e os outros abriram caminho. D. Cotinha, a cronista, suava em bicas. Meu Deus! Abra as janelas Lyard! Vamos morrer sufocados aqui! E se abanou com o leque rendado. Isso fala mesmo? Perguntou D. Bebeth, um olho na engenhoca e outra a porta, pois era nesses momentos históricos que as crianças teimavam em nascer em Dark. Clara, Bianca e Dulcce estavam sentadas em uma mesa tomando suco e Petit juntou-se a elas. No balcão Bernardo, Mama Chultz, o Capitão e os gêmeos - que tentavam trocar as tampas das pimenteiras com as dos saleiros. Nem ousem, rosnava Lyard, bem ao pé do ouvido dos meninos. Da cozinha, D. Julia se benzia porque achava que as vozes eram de almas perdidas. Salvador Creolo deixou de lado suas historias e junto com Ryal esperava. Maneca contava como havia conseguido o "Oratório que fala de Marconi" enquanto o boticário Carlos cozinhava guaco para fazer xarope no fogão de lenha aceso. O burburinho crescia cada vez mais. A cigana e Sitans também juntaram-se ao grupo e Maria Lua, mãe de Petit que acabara de chegar de viagem, nem bem soltou as malas e já tinha o filho ao seu lado contando em detalhes as últimas novidades.
Wolf gesticulou para Ampaz que virou cuidadosamente a caixa e observou. Gesticulou para o irmão e todos ficaram em silêncio. - Quem trouxe a caixa? perguntou Wolf. Fui eu - disse Maneca aproximando-se do ferreiro - Trouxe de St. John's. Meu amigo Marconi me disse que seria importante trazer uma para cá para ver se funcionava. Mostrei ao Sr. Sazarg que ficou com ela, explicou o marinheiro, sem querer entrar nos detalhes da negociação financeira. - Ele disse que se chamava... bem não me lembro direito o nome, mas disse que falava e podíamos escutar as pessoas a grandes distâncias.
Wolf explicou em gestos para Ampaz o que o homem havia dito e o irmão lhe sorriu, concordando com a cabeça. Gesticulou várias vezes de volta. Quando acabou, todos voltaram os olhos com expectativa para Wolf que disse: "Rádio". Isto se chama "Rádio". E voltando-se para o grupo explicou que o irmão Ampaz já havia lido nos livros de patentes e inventos que recebia de quando em quando de Bucaneiros, sobre a evolução do telégrafo e do coesor. - Marconi estava testando uma forma de propagar a voz e pelo visto, conseguiu, disse Wolf. Ampaz sorria satisfeito olhando a caixa e seu interior. Virou o botão e enquanto todos ouviam ruídos e uma voz com bastante interferência, ele sentia a vibração das ondas sonoras. Com uma pontinha de tristeza desejou poder ouvir novamente e escutar o rádio.
- Consegue deixar o som melhor, Wolf? perguntou o Taverneiro. - Não há algo que Ampaz não consiga melhorar - disse Sitans comendo um torresmo. - Mas ele não escuta...- falou baixinho Petit e já levando um cutucão da mãe e um olhar de secar pimenteira de sua tia Clara.

domingo, 6 de setembro de 2009

Oratório que Fala

Petit enfant adorava ir até a Casa do Ferreiro. Gostava daquele barulho ritmado de ferro e bigorna. Tinha tanta coisa para fazer ali e sempre sobre os olhares dos 3 irmãos, ajudava com pequenas tarefas. Nunca com serras, Petit, nunca com serras e longe da caldeira! Dizia Wolf e Ampaz acenava com a cabeça e fazia o sinal para que o menino ouvisse o irmão mais velho.
Naquele dia, o menino foi até a loja atendendo um chamado do Taverneiro. Traga Wolf aqui, Petit, ele precisa ver o "Oratório que Fala". Vamos até lá, o ferreiro gesticulou para Ampaz indicando que seguissem para a Taverna. Para que ele vai, Sr. Wolf? Ampaz é surdo não vai conseguir ouvir - constatou de forma pueril. Wolf chorou de rir e explicou para Ampaz o que o menino havia dito. Ampaz gesticulou de volta. - O que ele disse? perguntou Petit. Disse que você é um menino muito inteligente. Mas que ficaria mais esperto se olhasse além do que seus olhos vêem. Petit Enfant riu meio sem jeito. Não havia entendido muito bem o que o ferreiro surdo quis dizer, nem entendeu porque Wolf fazia questão que o irmão mais novo fosse com eles.
Estavam saindo quando Petit avistou Sitans, sentado num banco, descascando algo com um afiado canivete. Sentia um pouco de medo do ferreiro do meio e evitava encará-lo por muito tempo. Sitans fez um sinal com um canivete para que o menino se aproximasse. Já estava na porta e hesitou. Ampaz que estava logo atrás acenou com a cabeça encorajando. Ao chegar perto do ferreiro, Santis segurou o pulso do menino com firmeza, que meio assustado se contraiu. Estique o braço John, disse o homem. O garoto relutou um segundo, mas como Ampaz o olhava tranquilamente esticou o braço. Santis colocou uma munhequeira de couro, adornada com chapinhas. Tome, use isso. Vai dar sustentação ao pulso quando levar os latões de lixo da Taverna para fora. E também darão força ao punho, caso resolva dar uma lição em Fritz e Hanz. Petit Enfant mal conseguia falar e balbuciou um "obrigado" quase inaudível. Olhou para Ampaz que ria. Sitans deu um cascudo na boina do menino que saiu correndo atrás de Wolf em direção a Taverna.

Comida esfriando na Taverna

Bianca tamborilava os dedos em frente ao portao servido por Lyard, o anão. Já havia comido todo o pão e nada de Bernardo. Suspirou profundamente. Não gostaria de se levantar e ir atrás do marido como já tinha visto outras mulhers fazerem Taverna a dentro. O Taverneiro, muito perspicaz, indagou a Bianca: Bernardo está na Igreja? Não, sr. José. Está na doceria. Foi buscar uns docinhos para mim. O Taverneiro olhou para Lyard, piscou, inclinando discretamente a cabeça para a porta. O Anão na mesma hora saltou do seu caixote, de trás do balcão e foi atrás do rapaz, na loja ao lado.

Lyard entrou pela loja e D. Dulcce já apontou para dentro. Bernardo e Sazarg comentavam animadamente os últimos relatos sobre o prefeito Ergojeens, que havia aproveitado a Missa do Bispo para falar de suas novas obras em Bucaneiros e Ruen. Lyard aproximou-se e disse a Bernardo: A senhourinha Bianca...Sem prestar atenção no que disse o homem, Bernardo o pegou pelo braço para mostar a novidade. Ouça Lyard, o que anda fazendo o prefeito em Bucaneiros. Desconfiado, mas com grande curiosidade o anão se aproximou.

O Taverneiro olhava impaciente para a porta a espera de Bernardo e Layrd. Olhava para Bianca que já havia começado a comer a Macarronada a la Corsário que havia feito para o casal. Mas o aborrecimento da moça não a deixava saborear a comida como deveria e isso incomodava mais o homem do que a ausência dos outros. Na hora que ia falar com Petit para que fosse averiguar o que havia acontecido, D. Dulcce entrou porta a dentro com o pacotinho de biscoitos. Sentou-se na frente de Bianca e sorrindo disse: Sr. José, vou acompanhar Bianca nessa belíssima massa. Nem bem falou e Petit Enfant já estava colocando o prato e talheres, extasiado com a beleza da senhora que tinha cheiro de chocolate e baunilha. A propósito... creio que o senhor deveria ir até a doceria para "Ouvir" a novidade.

Hora de Pato, doces e descobertas

Bernardo e Bianca retornavam da Missa e foram almoçar na Taverna. Hoje é dia de Pato Assado, lembrou Bernardo depois de um espirro alto. Bianca riu. Nunca conseguiam acertar o cardápio. O Taverneiro sempre mudava o que havia anunciado no dia anterior. Mas não tinha problema, pois a comida era sempre deliciosa. Quando estavam entrando na Taverna Bianca avistou na vitrine ao lado da doceria, pequienos camafeus de amendôas. Bernardo, poderia pegar uns docinhos de amendôas para levarmos? Eu vou pedindo a comida, ela disse. Bianca não queria engordar e tentava duramente evitar ficar mais de 01 minuto em frente aquela loja tentadora. Sim, está bem, concordou Bernardo, que adorava o cheiro de açúcar queimado que vinha do local.
Enquanto D. Dulcce separava os docinhos, Bernardo ouvia um chiado e uma voz metálica vindos de trás da cortina de continhas e critais que separavam o salão do interior da loja. Como não havia ninguém, foi em direção ao som, e esticando bem o pescoço tentou identificar de onde vinha. Conseguiu ver o Sr. Salzarg em sua mesinha, bem próximo a uma caixa de madeira, que parecia um oratório, de onde saia um som. Bem, o Sr. Sazarg não é religioso, não deve ser um oratório. E é muito barulhento para uma caixa de música. Seu espirro o denunciou e o Sr. Sazarg virou-se rapidamete em diração a Bernardo. Ah! Que susto Bernardo. O que está fazendo aí? E Bernardo totalmente sem graça respondeu confusamente: Bianca, pediu docinhos e as vozes, o som... do oratório, apontou para caixa. Sim, Bernardo, espantoso não? Estou aqui há quase uma hora escutando a Missa Celebrada em Bucaneiros. Não que eu goste de Missa, mas estou fascinado pelo fato de ouvir daqui o que o Bispo fala lá do outro lado da Baía.... Venha ouvir, venha ouvir. E Bernardo, ainda sem jeito foi entrando para ver a novidade.

A amigas de Dark

Do outro lado da rua, Clara arrumava as flores da pequena banca. Sentou-se e abriu o Caderno de Dibujos. Ali registrava faces, expressões, acontecimentos, paissagens. Da mesma forma que D. Dulcce tinha um pequeno caderno guardado estrategicamente dentro do avental. Com sua caneta adornada, presente do pai, anotava toda sorte de expressões, pensamentos, desabafos de coisas não ditas. Muitas vezes Salzarg achava que a mulher guardava muitas coisas para si. Mas na verdade ela tinha no pequeno Caderno um mar de confissões e idéias que povoavam a cabeça. Muitas viravam chocolates especiais, como a torta de chocolate e pimenta Basca.
Clara e Dulcce nutriam uma amizade verdadeira. Muitas vezes retratou a doceira em momentos de alegria, criatividade e pensamentos que a levavam até sua terra natal. Da mesma forma Dulcce escrevia sobre a florista e suas atitudes. Quando estavam alegres, as duas tomavam juntas café com canela. Se estavam tristes, chocolate com amêndoas para alegras a alma. Sempre que Sazarg saía para compras da doceria levava debaixo do braço um pacote de biscoitos de polvilho doce para Clara e trazia um maço de flores do campo para Dulcce. o homem sentia-se feliz pelo fato da esposa ter encontrado uma boa amizade em Dark.

sábado, 5 de setembro de 2009

Ondas curtas e Bombom de Licor


D. Dulcce temperava cuidadosamente o licor de café. Era uma antiga receita que faria de bombons. Não era facil encontar bom café em Dark, mas o Sr. Salvador Creolo sempre trazia o melhor dos torrados para D. Dulcce. Muita gentileza Sr. Salvador, agradecia a doceira dando em troca ao velho marinheiro uma lata com biscoitos de amêndoas. O Sr. Sarzag está? O Maneca queria mostar a ele uma coisa que seu amigo Marconi de St. Johns construiu. Sarzag saiu de dentro da doceria com as orelhas em pé. Uma coisa? para mim? As senhoras de Dark diziam que o Sr. Sarzag tinha ouvido de Tuberculoso. Ouvia um leve espeirro a quilômetros de distância e muitas vezes respondia "Obrigado" quando elas cochichavam o quanto ele era elegante e distinto, deixando todas ruborizadas.
Maneca entrou em seguida, tirando a boina e mostrando a brilhante careca. Veja sr. Sarzag, meu amigo Marconi disse que podemos ouvir vozes vindas de longe dentro dessa caixa. Vozes? Vindas de longe? Almas? Perguntou o curioso marido de Dulcce. Não senhor, explicou Maneca. Daqui podemos ouvir meu amigo Marconi, lá de St. Johns, disse o marinheiro. Mas St. John está a dois dias de navio daqui Sr. Maneca! Sim, sim! venha ver. Escute. Cuidadosamente virou o pequeno botão e logo um chiado foi ouvido. Podia escutar-se um homem que relatava as atividades do prefeito Egorjeen, da Ilha de Bucaneiros. Incrível... Balbuciou, ainda incrédulo o Sr. Sarzag. Tem certeza que não são almas, querido? Perguntou D. Dulcce? Só se o prefeito morreu, querida! Retrucou o homem. "Pela Hóstia Consagrada" disse e se benzeu a doceira. O que mais faltam inventar??? Sr. Maneca, ficarei com o invento e foi fazer os acertos da compra, com a certeza que estava diante de um grande e revolucionário invento.


A estalagem de Mama Chultz

Enquanto Salvador e Ryal contavam histórias sobre o Terrível Kraken, a Lula gigante que aterrorizava os Sete Mares para uma dúzia de crianças boquiabertas, o Taverneiro pediu a Petit Enfant que levasse Maneca e Carlos a Estalagem de Mama Chultz. Peti Enfant torceu o nariz. Detestava ir até o local por causa de Hanz e Fritz, os filhos gêmeos de Mama. Deixou Marvin preso na dispensa da Taverna e seguiu resignado morro acima até o local. Da última vez que esteve lá os gêmeos amarraram várias cordas e latas no rabo de Marvin, que em na tentativa de livrar-se do barulho derrubou a banca de flores de Clara, a banca de Verduras e vários latões de lixo. Petit Enfant teve que arrumar tudo enquanto os pequenos riam, protegidos pelo avô, o Capitão Dirks. Mama Chultz estava de bom humor. Gostava de hóspedes, não pelo lucro, mas por ter notícias de outros povos e cidades. Já conhecia de cor as histórias do sogro, o aposentado Capitão Dirks, único hóspede fixo que tinha desde a inauguração da estalagem. O marido de Mama, Rudolph era o atual Capitão da Nau Orm, uma das últimas que ainda
desbravavam os Mares em busca de riquezas e terras ainda não conhecidas.
Mama serviu suco de amora e logo pediu aos gêmeos que levassem as malas para os quartos e enquanto fazia as fichas perguntava: Conte Dr. Carlos, como estão as coisas em Bucaneiros? Como sempre sra. Chultz.... O prefeito não se importa muito com os distritos como Ruen e Robec e todos os recursos estão na Capital Frisea. Lá as crianças vão a escola e o prefeito Egorjeen se orgulha dos passeios limpos. Pelo menos lá o Dr. Roux conseguiu emplacar a política Sanitarista e os esgostos não correm mais a céu aberto. Um grande homem o Dr. Roux! finalizou Carlos, o Boticário. Mama Chultz concordou com os olhos fixados no boticário, tentando imaginar o que era a Política Sanitarista.
De rabo de olho Petit olhava ao redor em busca dos gêmeos. Quietos demais, pensou. Ao tomar o suco de amora, lágrimas
vieram aos olhos. Amoras com Pimenta! Mama acudia Petit enquanto os Gêmeos choravam de rir.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Grandes Histórias de Amigos

Quando o Taverneiro abriu as portas na manhã fria para que Petit Enfant entrasse com o cesto de pão, viu uma rodinha formada na praça e logo percebeu que os amigos já tinham chegado. Os pescadores já rodeavam e esguia figura de Salvador Creolo que gesticulava enfaticamente, dando vida a história que contava. O Taverneiro aproximou-se e perguntou num murmúrio a Ryal, que ouvia o relato de braços cruzados: "Lago Ness" ou "Barba Azul"? "Lago Ness" respondeu inclinando levemente a cabeça. -Venha, Clara já mandou o pão, disse o Taverneiro. Assim que acabar, respondeu Ryal que ouvia a historia pela milésima vez, mas mesmo assim, não se cansava.Os quatro amigos entram pela porta da Taverna as gargalhas. Sempre alegres, riam de tudo, ou quase tudo. Petit! Gritou Maneca, cada dia maior! Garotinho, garotinho, você tá cada dia mais gordo, riu Ryal. Trouxe Xarope de Guaco, disse Carlos colocando o vidro amarelo em cima do Balcão. Onde está Malvino, perguntou Salvador? Trouxe café para o Louro. Malvino logo se aprumou: Biscoito! Biscoito! O Taverneiro riu. Os amigos sempre faziam grande festa e barulho. Logo, logo a Taverna estaria cheia para ouvir as histórias de piratas e aventuras do mar que Salvador contaria. Muitas repetidas, é verdade, mas não fazia diferença.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Pingos na Lata de Dormir


O taverneiro verifica se está tudo fechado. Antes, pela pequena janela que dá para Baia, coloca a velha "lata de chuva", bem embaixo da calha em formato de "V". Sem o barulho da água pingando sobre o metal não consegue dormir. Malvino se apruma e fica perto do pequeno braseiro. Começa a entoar baixinho a canção pirata "Sete piratas sobre o Caixão.." O sono chega para todos. Em seu último pensamento da noite, o Taverneiro lembra que os amigos Corsários virão visitá-lo amanhã. Salvador Creolo, Ryal, Maneca e Carlos, o Boticário. Farei Torresmo pensou antes de dormir.

Apagam-se os lampiões.

Começa a garoar. O movimento na Praia da Rama vai diminuindo. Padre Miguel é o último a sair. Zé, feche tudo antes que eu saia, ele diz ao Taverneiro. O Taverneiro ri em silêncio e obedece. Além de Padre, o eclesiástico é irmão de seu pai e padrinho. Desde que abrira a Taverna Padre Miguel só não apareceu em dias de Gripe forte e Extrema Unções. Porque assim a gente garante que a Taverna não vira Bordel, ele sempre dizia a D. Cotinha quando alguém perguntava porque ele era um frequentador tão assíduo. Porque assim tomo conta do meu afilhado, dizia para D. Bebeth. Porque assim tomo a melhor sopa da região, dizia para D. Julia, a cozinheira. Mas no fundo só o Taverneiro sabia que o Porto escondido no buraco inferior do balcão era o que realmente garantia a passagem do padre. Vamos, ande logo, disse batendo a bengala na soleira da porta. O Taverneiro fechou tudo, pegou o lampião e subiu enquanto o padre seguia em direção a Cúria.

Madrugada Alta em Dark

Na Praia da Rama o movimento na Taverna é animado. Padre Miguel está contando uma de suas perigrinações. Faz frio do lado de fora e as janelas fechadas estão embaçadas. Esbaforando pelo nariz, Petif Enfant faz desenhos de vapor no vidro. Passa a manga da camisa para tentar ver o Farol ao longe. Só consegue ver o faixo de luz iluminando o mar e cortando a neblina. Ele não consegue nem mesmo ver 0 mar calmo.
Aproveitando a sopa das 22h30 estão Bernardo e Bianca. O jovem casal sempre passa na Taverna depois da escola para jantar. Bernardo é o administrador da Sub-Prefeitura e é ele quem emite todas as certidões do Vilarejo. O corpo esguio e magro faz com que muitos achem que ele é apenas uma auxiliar. O Taverneiro sempre diz que ele está muito magro e a porção de sopa que serve a ele é sempre reforçada. Bernardo funga com o calor da sopa a sua frente. Os óculos embaçam. Está ótima diz para a esposa Bianca, que consente com a cabeça. Bernardo espirra. Bianca levanta os olhos em reprovação. Ele encolhe os ombros. É a rinite. Ela é crônica. Você sabe. Ela sabe, mas não se acostuma com a fungação.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A Bruma Salina Cai sobre Dark

Anoitece. O Silêncio é composto por barulho de mar, tosse de menino e miados. Malvino se agita e procura ficar mais perto de Marvin, que dorme do lado do fogão. Clara, a florista, se prepara para ir prá casa. Vendeu pouco hoje. Nem as almas estavam muito alegres. Vai fazer pão para levar para Taverna. Isso garante sua sopa. O Taverneiro já a convidou para trabalhar com ela, mas sempre diz que não. Prefere continuar vendo as pessoas na rua e passar por suas histórias sem interrupções.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Doceria Candice


Bem ao lado da Taverna fica a doceria Candice. Bolos, doces, petit fours, balas. Eram a alegria das crianças e um santo remédio para os que haviam abusado da Bagaceira do Taverneiro. O casal proprietário havia chegado a Baía de Dark há dois anos. Vieram de longe, após dias de navio. Na verdade o destino era a Ilha dos Bucaneiros, mas a viagem cansativa os fizeram ficar por ali mesmo. A doceira não poderia ter escolhido melhor ofício. Seu sorriso era de mel, a voz doce e calma. Petit Enfant sempre diz que ela cheira a chocolate. O sotaque diferente mostrava que sua terra natal ficava muito distante. D. Dulcce era casada com Sazarg que cultivava por ela uma amor devoto e dedicado. Doces não eram seu forte, mas gerenciava o estabelecimento de bom grado. Nas horas vagas dedicava seu tempo em escrever crônicas. Era admirado por todas as senhoras do pequeno vilarejo.

Tarde quente em Dark


A Cigana levanta a barra da saia. As poças são mais habeis que ela. Quando abaixa a cabeça os cabelos encaracolados atrapalham a visão. Molha a sandália. Molha a barra da saia. Logo alcança a oficina do ferreiro. Espera o irmão do meio, Sitans, do lado de fora. O barulho do ferro trincando a irrita. Cantarola. Wolf, o ferreiro mais velho repara na mulher do outro lado da rua. Ampaz, o ferreio surdo percebe a irritação do irmão quando vê Sitans largar tudo e sair. Dá os ombros. Quem não atrapalha já ajuda muito. Wolf tem certeza que o irmão vai gastar o que não tem na Taverna. Sitans encontra a Cigana. Passa o braço sobre os ombros dela e reclama do trabalho pesado.
A Taverna do Corsário é um pequeno comércio rústico. Encontra-se bebidas, comidas ( das mais variadas), apetrechos de pesca e tabaco para cachimbo.
Situada entre a Ilha do Farol e dos Bucaneiros, fica no final da Praia da Rama.
O quadro funcional é pequeno. O Taverneiro Zeca. De cabelos e barba branca (de boina de marinheiro e cachimbo). Dona Julia a cozinheira de mãos cheia. Sua especialidade é "afogadinho". Lyrad, o Anão, auxiliar de tudo. João, o "petit enfant" que com seu cão Marvim ajuda o taverneiro a apanhar as garrafas com as mensagens na praia. Papagaio Malvino que além de falar, canta, pergunta e diz ter sido criado por um Pirata na ilha dos Bucaneiros. O papagaio carrega um maldito sotaque caipira.
Nem sempre há luz na cidade. O jornal local é fala um pouco de tudo, e muito mais da vida alheia. Muitas notícias chegam por mensagens enviadas em garrafas lançadas nos mares do mundo ou quando algum barco ou navio atraca no porto da cidade.

A sociedade de Dark


Todos se conheciam na Baía de Dark. Mas, muitos se ignoravam. As mesas da Taverna do Corsário gerenciavam estrategicamente as mágoas e picuínhas cultivadas entre as famílias ao longo dos anos.
O Taverneiro era muito ligado a suas raízes. Aquelas que ele mesmo havia criado, é claro. Nascido numa cidade montanhosa a 670km longe do mar, ele havia escolhido a Baía de Dark como sua cidade natal. Lá cultivou amigos e histórias que não se cansava de contar.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Manhã em Dark


O martelo soava na Bigorna.Rodas riscavam a areia e o cascalho molhado em sinfonia. O ferreiro mais novo não se importava. Era surdo.
A parteira passou apressada. Na verdade parou por instantes para ouvir a discussão dentro da Taverna. Apertou o Xale e o passo na neblina.
As 10h00 o sol acabara com as Brumas. Mas o frio vento sudoeste insinuava que as crianças deviam sair de casa agasalhadas. Petit Enfant, alheio ao sinais do tempo, chutava água junto com Marvin e lançava pedrinhas de cascalho dentro da água fria. Malvino cantava o hino Corsário na Casoarina próxima. Rou, Rou, Rou. Com a cabeça arrepiada pelo vento esperava a brincadeira terminar.
O Taverneiro ainda estava em dúvida sobre o almoço. Saiu a procura da florista e uma idéia do que fazer. Com esse frio? A florista respondeu: Bem, com esse frio, sugiro Caldo de Peixe. O Taverneiro sorriu satisfeito. Como não havia pensado no Caldo de Peixe antes? Deu meia-volta, encontrou o tripeiro e comprou miúdos de boi para preparar de forma impecável para seus clientes. Já na porta da Taverna pediu a Ylrad, o anão, que retirasse o cartaz da porta com o anúncio do prato do dia " Guisado de Cordeiro" .

Fim de inverno na Baia de Dark

Brumas salinas pairam na Baía de Dark. O taberneiro prepara o Café enquanto Malvino cantarola o Hino do Time local.

A bruma está densa. O Ferreiro mais velho abre a porta da oficina, enche o peito com o ar gelado. Não se vê a casa ao lado. Fará sol. Sorri.

O Taverneiro coça a cabeça. Que fará para o almoço? Se d. Cotinha sair do jornal mais cedo fará Afogadinho de Galinha. Pés são todos dela.

Peti Enfant abre a porta com o pé. As mãos carregam o latao de lixo e o pé segura Marvin. Malvino, no ombro grita: Cobertor verde, louro!

A florista olha a Bruma e suspira. O ar úmido não favorece os cravos. Espera pelas gargalhadas de Petit Enfant, sentada na porta da taverna.


segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Taverna cheia disse me disse Da.bebete contando história, Da.Cotinha, a Cronista Social, comentando as fotos da Florista. Malvino cantava: feliz ano novo chegouuuuuuuu o natal.

Festa na Taverna

Dia 31 teve festa de arromba na taverna. Taverneiro, petit enfant João, papagaio malvino, a parteira Da.Bebete, a cronista social Marly, a florista, os 3 irmãos ferreiros, o anão Lyard, Marvin o cão, nobres convidados e um batalhão de piratas. A bebida era rum e a comida presente do tripeiro, era leitão assado.