A Taverna do Corsário é um pequeno estabelecimento e grande ponto de encontro. Esta localizada no final da Praia da Rama, na Baía de Dark - um Vilarejo, situado entre as Ilhas do Farol e Bucaneiros, com pequeno número de almas vivas, porém com grande número de fantasmas. Em Dark, após o último lampião apagar, os moradores juram que em noite de grande bruma salina, navios piratas-fantasmas são avistados na baía entoando a mesma canção: “Sete piratas sobre um caixão e uma garrafa de rum, rô,rô,rô,rô!!!!”

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Entusiamo da Pelota em Dark

Sazarg pegou sua prancheta e preparou-se para montar o time. Junto com o Taverneiro mostrava-se a pessoa mais empolgada de Dark com o futebol. Aliás, já estava pensando em ir até Saint John para ver com Marconi o que seria necessário para narrar pelo Radio uma partida de futebol.
Enquanto isso ia fazendo seu selecionado. Acreditava que Petit poderia ser aproveitado. Mas Dulcce duvidava muito que o menino aguentaria o tranco dos maiores. Ele precisa jogar com crianças do tamanho dele, Homem! Pela Hóstia Consagrada. Se Santis tromba com o menino vai quebrar uma perna e um braço! Salzarg suspirou. Na verdade a esposa tinha razão. Era muito grande a diferença de tamanho. Habilidade nem tanta.Nenhum deles tinha. Mas, Petit, embora achasse que não, era um excelente pegador de bolas. Quem sabe um time infanto-juvenil? Era uma idéia a ser amadurecida. Voltou a prancheta. Quem seria o próximo a ser escalado?
Olhou para a foto que o Sr. Rodrigo, fotógrafo, registrou o momento em que Petit Enfant segurava a bola de capotão dada pelo Taverneiro, ao lado de sua mãe. Não parecia feliz. Mas demonstrava seriedade. Infanto-juvenil. Deve ser promissor, pensou, rabiscando a prancheta....

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Bolas de Gude e de Capotão

Petit Enfant contou as bolinhas de gude novamente. Uma a uma. O passatempo do menino fazia Clara rir. Como se diverte com coisas tão simples? Bolinhas verdes, azuis, âmbar. Um pequeno tesouro. Petit havia pensado em enterrá-las, mas desistiu com medo que alguém as achasse. Ao invés disso, pediu a Ampaz uma caixa, e o ferreiro surdo havia forjado uma num metal bem levezinho, que Wolf forrou. Assim eles não vão ficar chacoteando aí dentro, disse, quando entregaram a caixa ao menino.
Petit olhou mais uma vez a bola de couro que o Taverneiro havia trazido. Suspirou e pegou uma bolinha na mão. Não sei jogar esse tal de futebol, Marvin... murmurou. O cão levantou levemente a cabeça e deitou novamente perto da lareira, como se concordasse. Petit olhou o grande relógio da Taverna. Assim que batesse 15h00 e a correria tivesse passado, Sazarg e o Taverneiro o levariam para fora para jogar. Faltavam 30 minutos. Resignado pegou um paninho e começou a limpar suas bolas de gude enquanto esperava.


domingo, 27 de setembro de 2009

Tempestade e barulho na Taverna

Final de tarde na Baia de Dark. Na Taverna do Corsário os amigos do taverneiro se encontram para um papo, uns goles e uns petiscos. Padre Miguel chegou com seus amigos Padre João e Padre Constantino. Chegam também o velho cantor Charles Robert, pirata perna de pau acompanhado do Capitão Pato Rouco (também conhecido com nove dedos). O barulho do salto de sapato batendo nas pedras da calçada anunciam a chegada da cigana e a taverna vai ficando cada vez mais cheia. Chega Da. Elda, conselheira espiritual do Terreiro Africano de grande prestigio, o pastor Euclídes com sua careca reluzente, Da.Bebete a parteira com sua amiga Da.Cotinha a cronista social, Sr.Carlos o boticário, Sr.Pedro Arentino o jornalista, Dr. Conrado Alves o juiz aposentado, Jacob Israeli o banqueiro, Sr.Nataka agricultor, Sr.Samir Saad o mascate, o conde de Vidigueira, o Professor João Faras.
A taverna esta cheia.... Petit Enfant corre como louco. Maria Lua vai comandando. Coisa que ela sabe fazer bem: -Petit mesa para o padre Miguel. Mesa para Da.Bebete. Mesa para o Capitão. Vá ajudar Lyard. Da. Julia cadê os pastéis? Clara, cadê os bolinhos? Petit corre de um lado para o outro tentando atender a todos.
Cadê o rádio? Pergunta o barbeiro Bitencourt que acaba de chegar. Já vamos ligar responde
Sazarg. Bitencourt da uma olhada no salão mira a careca do pastor Euclídes. Pastor, quando é que você vai lá na barbearia para eu colocar uma peruca nessa careca? -Vou não, lá só tem "bandido". Todos riem e Wolf explica para Ampaz o comentário.
Casa cheia de repente ouve-se um barulhão. Portas e janelas da taverna batem. O céu escurece e uma tempestade desaba sobre a baia de Dark. Lyard vai em busca dos Lampiões. Onde o Taverneiro escondeu os lampiões? Pensa o anão. Acende e curte seu melhor momento com a imagem reletida na parede. -Sou ou não sou um gigante? A piada é boa ,porém o momento é péssimo. Raios e trovões são mais altos que o barulho da turma, que a esta altura já esta calada. Petit entra debaixo de uma mesa atrás de Marvim que decide ficar debaixo da batina do padre Costantino. Malvino grita "vai chover canivete, vai chover canivete..."Capitão Pato Rouco conta a história da perda do seu dedo "foi numa tempestade dessa, eu tinha bebido todas, fui soltar a carretilha da vela e deixei o dedo". Padre Miguel rezava e Padre João observava. Sr. Jacob pedia proteção direta a Virgem Maria de Dark e prometia dar 1% de desconto em todas as promissorías e duplicatas em seu poder se a tempestade amainasse. Da.Bebete comentava:-as crianças vão nascer nessa hora, não há quem segure. Da. Júlia com um pano de prato cobria os talheres. Clara, me ajude a cobrir os facões!!! Não podemos mexer com faca durante a tempestade.
Uma hora e meia de tempestade. Uma hora e meia de medo. Uma hora e meia de taverna fechada e todos aturando a flatulência do Padre Constantino e as discussões com Pastor Euclides. Eis que a porta abre e o Taverneiro entra, ensopado, a barba eriçada e o cachimbo apagado no canto da boca. D. Júlia, tem sopa para mais um? Na mão a pequena sacola de roupas e na outra a bola de capote para Petit. Molhado abraçou o Pastor Euclides e pediu bençao ao tio-padrinho Padre João. Como foi em Bucaneiros, Zé? O que conta de novo? O Taverneiro esticou o dedo, cutucou o ombro do Pastor e disse: Lá, só tem B-A-N-D-I-D-O! Gargalhada geral e as pessoas nem repararam que a tempestade havia parado.

Cruzamento na área!

Os olhos seguiam o percurso da bola lançada para o meio da área. Charles se antecipou e antes que o adversário pudesse sair do chão, saltou e cabeceou a bola. Quando a rede estufou, chapéus foram lançados para o alto. Um frenezi tomou as pessoas que assistiam. Muitos se abraçavam, outros olhavam para o céu e algumas lamentavam o gol tomado pelo Celtis. O placar mostrava a superioridade de Bucaneiros 3x1Celtis. Os três gols de Charles, que parecia ser muito amigo da pelota de couro. Isso sim! Gritava empolgadíssimo o Taverneiro. Isso sim! Isso que vai fazer as pessoas em Dark sorrirem, gritarem, festejarem! E brigarem - constatou Ollagaz que avistou dois homens corpulentos saindo no tapa por causa do jogo. Vamos fazer um selecionado! Não, dois! Fundaremos uma Liga. Isso! Uma liga! O taverneiro parecia um pinto no lixo. Os olhos brilhando de pensar no que o futebol levaria a Dark. Na verdade, não conseguia imaginar muito bem. Um pouco. Riu imaginando Petit correndo atrás da bola. Ollagaz suspirou. Gostava mais do Rugby, mas era inegável que o futebol possuía algo que prendia e encantava as pessoas. Eram senhoras, crianças, homens, idosos. Até no tapa eles saíam, suspirou resignado o Velho Lobo do Mar.