A Taverna do Corsário é um pequeno estabelecimento e grande ponto de encontro. Esta localizada no final da Praia da Rama, na Baía de Dark - um Vilarejo, situado entre as Ilhas do Farol e Bucaneiros, com pequeno número de almas vivas, porém com grande número de fantasmas. Em Dark, após o último lampião apagar, os moradores juram que em noite de grande bruma salina, navios piratas-fantasmas são avistados na baía entoando a mesma canção: “Sete piratas sobre um caixão e uma garrafa de rum, rô,rô,rô,rô!!!!”

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A pelota com as mãos

O Taverneiro ouviu um baque seco. Por instantes acreditou que o rapaz que segurava a bola de couro tinha quebrado algum osso. Mais de 10 estavam sobre ele tentando roubar a bola. Ollagaz ria deliciado, mas o Taverneiro achou aquilo meio sem sentido. Não havia ficado tão empolgado com o Rugby. Ao final do jogo todos se confraternizaram. Menos mal, pensou. Já basta a dúzia de rapazes machucados e até mesmo um infeliz perdeu dois dentes.
O que achou, Zé? perguntou o velho Lobo do Mar para o Taverneiro. Bem.... respondeu. Talvez Santis e o Tripeiro conseguissem jogar, mas... ( imaginou Bernardo, Ampaz e Sazarg). Mas só. Não creio que virasse em moda em Dark. Disse isso e um rapaz que acabara de sair do jogo e ainda limpava seus arranhões sorriu e disse: Então deveria ficar e ver o próximo jogo senhor!Neste não colocamos a mão na bola, e sim, os pés. O velho Ollagaz fez sinal para que o rapaz se aproximasse e o apresentou. Este é Charles, Zé. Ele é responsável por trazer a bola e este jogos que estamo vendo. O rapaz aproximou-se e estendeu a mão para o Taverneiro: Prazer, senhor! Já estive em sua Taverna, em Dark. Muito bom o seu afogadinho de galinha Caipira. O Taverneiro sorriu. É a especialidade de D. Julia, meu fiho.... Mas... Me conte sobre o jogo com os pés. Como é? Violento assim como este que acabei de ver? Precisarei de muito caldo de tutano para os rapazes de Dark jogarem isso! Charles abriu um largo sorriso e passou o braço por sobre os ombros do Taverneiro e de Ollagaz. Venha vamos tomar uma cerveja que lhe contarei.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Sessões de Rádio

As noites na Taverna sem o Taverneiro eram um tanto quanto melancólicas e os frequentadores faziam de tudo para manter o espírito Corsário aceso. Salvador Creolo prendia a atenção de todos com suas histórias de piratas, mas ele mesmo se tornava um ouvinte atento nas horas que ligavam o rádio. A noite, a sessões de rádio mais disputadas na Taverna eram as de "Histórias Fantásticas" e "Show de Música".
"Histórias Fantásticas" era um programa muito popular, narrado pelo padre Landell, grande amigo de Padre Miguel. Contava histórias cotidianas, crônicas populares, dramas, comédias. Uma visão real e novelesca da vida com as quais muitos se identificavam e almejam alcançar.
"Show de Música" era um programa que levava a Taverna pessoas de idade e sexo diferentes. Quatro pessoas não perdiam nenhuma sessão: D. Cotinha, que adorava ouvir as músicas do Capitão Robert Charles, que após um acidente em seu navio havia adquirido uma perna de pau e passou a cantar em verso e prosa suas aventuras em alto mar. Era tão popular que as pessoas o chamavam de O Rei das Canções. Bernardo e Bianca também adoravam as sessões de música. Bernardo acompanhavam as melodias com seu banjo e Bianca com a flauta doce. Junto com Maria Lua, mãe de Petit Enfant, interpretavam as letras. Maria Lua adorava dançar e bailava sozinha ou acompanhada ao som que vinha dos programas. Era uma artista e qualquer expressão de cultura a encantava.
Na ausência do Taverneiro as canções e danças eram mais comedidas. Pois não ouviam os comentários do velho que sempre brincava: Gosta de Cantar, Bianca? Deveria aprender então! Maria Lua, está se contorcendo? É dor ? Bernardo, aceita sugestão para tocar? Toque bem longe! As brincaderas eram as mesmas sempre e por isso que sem elas a noite não era a mesma.

Chuva e Partida

Chovia torrencialmente. Naquela manhã de setembro não fazia muito frio, nem havia neblina. Ou era impossível notar devido a quantidade de água que desabava.
Na Taverna o fogo estava aceso e Malvino se balançava de um lado para o outro inquieto. Tá na hora! Tá na hora. Repetia. Dona Julia, afobada, tirava os últimos bolinhos de milho do forno e os arrumava no farnel. O Taverneiro estava de viagem.
Petit Enfant não gostava destas viagens do Taverneiro. Ele sempre demorava mais do que o prometido. O Taverneiro tinha preguiça de viajar demorava para ir e demorava para voltar. Preguiça, preguiça. Mas, aquela viagem prometia ser mais interessante do que as demais. Ele iria conversar com o Velho Lobo do Mar, Ollagaz, em Bucaneiros, sobre um novo esporte que estava agitando as pequenas ilhas. Você vai ver Zé! Dizia Ollagaz. É algo dinâmico, entusiasmo puro! A disputa pro uma bola de couro! E dava grandes risadas. A mensagem, enviada por telegrafo havia chegado duas semanas atrás e já era hora de ver de perto.
Novidades! Novidades! Exclamou d. Cotinha. Dark não é mais a mesma! Toda hora uma novidade. Dizia num misto de censura e excitação.
Antes de sair, o Taverneiro foi ao encontro de Clara e deixou com a florista a chave da Taverna. Você sabe o que fazer na minha ausência. Despediu-se de todos, menos de Yslard, pois o anão
era sentimental demais. Volto em duas semanas. - Mentira! - Mentira! Disse Malvino. E o Taverneiro seguiu para o cais, accompanhado de Petit e Marvin, que levava na boca a pequena sacola de roupas.

domingo, 13 de setembro de 2009

Novidades em Dark




Ampaz conseguiu forjar novas peças que ajudaram a melhorar a recepção do som. O ruído era bem menor e por isso o Rádio de Sazarg ganhou destaque na Taverna do Corsário. Foi colocado em um púpito, acima do balcão, onde o som podia ser ouvido por todos.
Padre Miguel pediu ao Taverneiro que na hora da missa desligasse o rádio, pois alguns fiéis estavam saindo da paróquia para ouvir a missa do Bispo. O Taverneiro sugeriu que ele mudasse alguns horários para que os que não costumavam ir na Paróqui pegassem o gostinho da coisa. Padre Miguel concordou e o domingo passou a ter duas missas.
D. Cotinha não perdia o programa de notícias da manhã. Junto com D. Bebeth pensavam em experimentar as receitas que o locutor passava todos os dias. O único problema era encontrar os ingredientes, uma vez que muitos não chegavam até Dark.
Petit Enfant gostava de ouvir as histórias de Barba Roxa e Capitão James Cook.
E o riso na taverna era garantido quando o prefeito era mencionado. Papagaio Malvino se arrepiava todo e gritava: Salafras! Salafras!
Quando Marconi soube que Dark estava ouvindo as suas transmissões começou a enviar recados e incluir notícias da baia em seus relatos. Para agradecer a Sazarg que havia ficado com o invento, falava da Doceria Candice e esta passou a ser o ponto mais desejado por todos os ouvintes.
A vida parecia mais alegre e mais rápida depois que o rádio chegou. Novos hábitos e fregueses foram aparecendo na Taverna e em noites de forte neblina a paisagem não parecia ser tão melancólica.